O que é overtreatment

Publicado por 31 de Maio de 2022 em

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O Overtreatment ou tratamento excessivo, refere-se a procedimentos terapêuticos que não beneficiam o paciente, ou o risco de dano da intervenção supera qualquer benefício[1]. 

Conceitos relacionados incluem: 

  • uso excessivo” – para serviços desnecessários; 
  • “excesso de testes, overtesting” – para uso de testes excessivos de investigações;  
  • “superdiagnóstico ou overdiagnosis” – para aumento da definição de uma doença, levando uma população anteriormente considerada “normal” ou saudável ser rotulada como doente[2]. 

 

Quais as possíveis causas e motivações? 

  • Medo da incerteza e da morte por parte de pacientes e médicos[3]; 
  • Tempo limitado no atendimento, incentivos financeiros, treinamento inadequado para abordar com o paciente as questões de desperdício; 
  • Uso excessivo no tratamento, facilidade em solicitar exames e prática defensiva por medo de processos judiciais[4];  
  • Diretrizes desatualizadas contribuem para o sobrediagnóstico (overdiagnosis)[5]. O overdiagnosis resulta em aumento da triagem e exames de imagem e procedimentos desnecessários (overtreatment)[6]. 

 

Em quais áreas pode estar presente? 

No uso excessivo de novas tecnologias, dispositivos, equipamentos, técnicas, prescrição de mais medicamentos, encaminhamento do paciente para mais testes e investigações[7]. 

 

Quais as consequências dessa conduta? 

É uma prática em saúde que é extremamente improvável de ajudar um paciente. Seus danos a pacientes e famílias incluem: 

  • Erro na conduta médica[8]; 
  • Aumento de gastos[8]; 
  • Ansiedade[8]; 
  • Perda de tempo em hospitais e clínicas[8]; 
  • Aumento substancial dos custos de saúde[8]; 
  • Encoraja mais intervenções até o tratamento atingir um processo difícil para médicos, pacientes e familiares interromperem[9]; 
  • Aumenta carga de trabalho de médicos e profissionais de saúde que passam mais tempo revisando as informações das intervenções adotadas[10]; 
  • Reduz oportunidade de tratamento/intervenção precoce por aumentar o tempo de espera para iniciar o tratamento[11]; 
  • Limita a quantidade de recursos para saúde pública, educação, habitação e programas sociais[12] 

. 

Por que essa prática deve ser abandonada? 

Para garantir que cada paciente receba a quantidade certa de cuidados com base em sua necessidade clínica. Quando isso acontece, os recursos de saúde são usados ​​de forma adequada, diminui gastos e aumenta a efetividade[13].  

 

Quais as possíveis soluções para combater o Overtreatment? 

  • Embasar a melhor escolha de exames e tratamentos necessários; 
  • Aprimorar a formação dos médicos residentes e o acesso aos registros de saúde; 
  • Melhorar as diretrizes para práticas de cuidados baseadas em evidências científicas[6]. 

 

Conclusão 

Precisamos abordar o uso excessivo nos cuidados de saúde e nos afastar de uma cultura de “o mais é melhor” para oferecer cuidados ideais para todos os pacientes. Importante que não se criem condutas heroicas que tornam os pacientes mais vulneráveis ​​ao tratamento excessivo. 

 

Autores 

Osias Martins Prestes, Vivian Calegaro da Silva, Victoria Sálua Cavaleti. Alunos do Programa de Pós-graduação em Saúde Baseada em Evidências, Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

Supervisores  

Rachel Riera, MD, MSc, PhD. Professora adjunta, Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Rafael Leite Pacheco, MD, MS. Professor, Centro Universitário São Camilo. 

Citar como: Prestes OM, Calegaro V, Cavaleti V, Pacheco RL, Riera R. Overtreatment. Estudantes para as melhores evidências (EME) Cochrane. Disponível em: [colar link]. Acessado em [dia, mês e ano]. 

 

 

Referências 

  1. Katz, Mitchell H., Deborah Grady, and Rita F. Redberg. 2013. Undertreatment improves, but overtreatment does not. JAMA Internal Medicine 173 (2): 93–93. https://doi.org/10.1001/jamainternmed.2013.2361. 
  2. Brownlee, Shannon, Kalipso Chalkidou, Jenny Doust, Adam G. Elshaug, Paul Glasziou, Iona Heath, Somil Nagpal, et al. 2017. Evidence for overuse of medical services around the world. Lancet 390 (10090): 156– 168. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(16)32585-5. 
  3. Heath I. Role of fear in overdiagnosis and overtreatment — an essay by Iona Heath. The BMJ2014;349:g6123. 
  4. Richardson B. Clinical examination is essential to reduce overdiagnosis and overtreatment. The BMJ2014;348:g2920. 
  5. Morden NE, Colla CH, Sequist TD, Rosenthal MB. Choosing wisely—the politics and economics of labeling low-value services. N Engl J Med 2014; 370:589–92. https://doi.org/10.1056/NEJMp1314965 PMID: 24450859 
  6. Lyu H, Xu T, Brotman D, Mayer-Blackwell B et al. Overtreatment in the United States. PLoS One. 2017 Sep 6;12(9):e0181970. doi: 10.1371/journal.pone.0181970. PMID: 28877170; PMCID: PMC5587107. 
  7. Hulsbergen, Alexander F.C., Ivo S. Muskens et al. 2019. Unnecessary diagnostics in neurosurgery: finding the ethical balance. World Neurosurgery 125: 527– 528. https://doi.org/10.1016/j.wneu.2019.02.085. 
  8. ShrankWH, RogstadTL, ParekhN. Wasteinthe US health care system: estimated costs and potential for savings. JAMA. 2019;322(15):1501-1509. doi:10.1001/jama.2019.13978. 
  9. KruserJM, BenjaminBT, GordonEJ etal.Patient and family engagement during treatment decisions in an ICU: a discourse analysis of the electronic health record. Crit Care Med. 2019;47(6):784-791. doi:10.1097/CCM.0000000000003711. 
  10. Gillon, Raanan. 1994. Medical ethics: Four principles plus attention to scope. British Medical Journal 309 (6948): 184–188. https://doi.org/10.1136/bmj.309.6948.184. 
  11. Moynihan, Ray, Lisa Bero, Sue Hill, Minna Johansson, Joel Lexchin, Helen Macdonald, Barbara Mintzes, et al. 2019. Pathways to independence: towards producing and using trustworthy evidence. British Medical Journal 367: I6576. https://doi.org/10.1136/bmj.I6576. 
  12. Caverly, Tanner J., Brandon P. Combs, Christopher Moriates et al. 2014. Too much medicine happens too often: the teachable moment and a call for manuscripts from clinical trainees. JAMA Internal Medicine 174 (1): 8–9. https://doi.org/10.1001/jamainternmed.2013.9967. 
  13. Lenzer, Jeanne. 2012. Unnecessary care: are doctors in denial and is profit driven healthcare to blame? British Medical Journal 345: e6230. https://doi.org/10.1136/bmj.e6230. 

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