Análise post-hoc

Publicado por 1 de Maio de 2024 em

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Definição

Análise post-hoc refere-se à utilização secundária de dados previamente analisados em um estudo já completo, com o intuito de gerar novas hipóteses a partir de um recorte diferente do analisado primordialmente, por exemplo realizando comparações de subgrupos retirados dos participantes do estudo original ou alterando os desfechos analisados [1]. Os resultados desta análise apresentam relevância para a produção de conhecimento, porém também apresenta limitações e pontos importantes de atenção quanto a sua certeza e aplicabilidade.

Vantagens

A análise post-hoc permite de forma mais rápida e econômica, uma vez que todo o processo de elaboração e seguimento do estudo original já foi realizado, investigar preliminarmente novas hipóteses geradas durante a condução do estudo. Frequentemente são feitas análises post-hoc considerando subgrupos, como diferentes faixas etárias ou comorbidades, por exemplo. As análises post-hoc têm um papel de justificar e subsidiar o planejamento de estudos futuros que possam corroborar ou refutar os seus resultados [2].

Limitações

Uma limitação da análise post-hoc é o risco de uso inapropriado dos dados, uma vez que inúmeras análises diferentes podem ser realizadas, objetivando encontrar alguma diferença significativa entre os grupos comparados, podendo esse resultado ser falso positivo, relacionado à probabilidade de erro tipo 1 [1], ou ainda, utilizar dessas análises para superestimar resultados favoráveis ou subestimar resultados desfavoráveis encontrados no estudo original, o que é um exemplo do viés de distorção (para saber mais sobre viés de distorção, ou spin bias, acesse: https://eme.cochrane.org/vies-de-distorcao-spin-bias/) [2]. Cautela adicional deve ser tomada para os casos em que os resultados de uma análise post-hoc de um ensaio clínico randomizado são derivados de um processo em que houve perda do processo de randomização, impossibilitando inferências causais [1,3].

Exemplos

(1) O estudo BASICS [4] publicou uma análise post-hoc [5] avaliando os efeitos do uso de soluções balanceadas nos desfechos de curto prazo para o subgrupo de pacientes com traumatismo cranioencefálico.

(2) O estudo LOOP [6] publicou uma análise post-hoc [7] avaliando o rastreamento da fibrilação atrial e o uso anticoagulantes na prevenção de acidente vascular cerebral (AVC) no subgrupo de pacientes com fatores de risco ou com AVC prévio.

Conclusão

A análise post-hoc tem importância para a geração de novas hipóteses a partir de análises secundárias não planejadas e seus resultados devem ser considerados preliminares e interpretados com cautela.

 

Autores: Letícia Miyuki Ito, Lucas Marques de Oliveira, Maria Clara Vieira Silva, Melissa Yumi Kato, Pedro Henrique Moretti Pepato,Thais Neri Andrade de Almeida Garcia. Alunos de graduação, Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Supervisora: Rachel Riera. Professora adjunta, Disciplina de Medicina Baseada em Evidências, Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

 

Citar como: Ito LM, Oliveira LM, Silva MCV, Kato MY, Pepato PHM, Garcia TNAA, Riera R. Análise post-hoc. Estudantes para melhores evidências. Cochrane. Disponível em: [adicionar link da página da web]. Acessado em [adicionar dia, mês e ano de acesso].

 

Referências

1. Srinivas TR, Ho B, Kang J, Kaplan B. Post hoc analyses: after the facts. Transplantation. 2015; 99(1):17–20. Disponível em: https://journals.lww.com/transplantjournal/fulltext/2015/01150/post_hoc_analyses__after_the_facts.8.aspx. Acessado em 06 de março de 2024.

2. Pereira GC. Viés de distorção. Estudantes para melhores evidências. Cochrane. Disponível em: https://eme.cochrane.org/vies-de-distorcao-spin-bias/. Acessado em 06 de março de 2024.

3. Curran-Everett, D., & Milgrom, H. Post-hoc data analysis: benefits and limitations. Current opinion in allergy and clinical immunology. 2013;13(3):23-224. https://doi.org/10.1097/ACI.0b013e3283609831. Acessado em 06 de março de 2024.

4. Zampieri FG, Machado FR, Biondi RS, et al. Effect of Intravenous Fluid Treatment With a Balanced Solution vs 0.9% Saline Solution on Mortality in Critically Ill Patients: The BaSICS Randomized Clinical Trial. JAMA. 2021;326(9):818-29. Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2783039. Acessado em 06 de março de 2024.

5. Zampieri FG, Damiani LP, Biondi RS, Freitas FGR, Veiga VC, Figueiredo RC, et al. Efeitos da solução balanceada em desfechos de curto prazo em pacientes com traumatismo craniencefálico: uma análise secundária do ensaio clínico randomizado BaSICS. Rev bras ter intensiva [Internet]. 2022;34(4):410–7.

6. Diederichsen SZ, Frederiksen KS, Xing LY, et al. Severity and etiology of incident stroke in patients screened for atrial fibrillation vs usual care and the impact of prior stroke: a post hoc analysis of the loop randomized clinical trial. JAMA Neurol. 2022;79(10):997-1004.

7. JH, Diederichsen SZ, Højberg S, et al. Implantable loop recorder detection of atrial fibrillation to prevent stroke (The LOOP Study): a randomised controlled trial. Lancet. 2021;398(10310):1507-1516. doi:10.1016/S0140-6736(21)01698-6.

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