Evidence gap maps (mapas de evidências)

Publicado por 18 de Setembro de 2024 em

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Definição 

Evidence gap maps (mapas de evidências) são considerados produtos de síntese sistemática de evidências, com a especificidade de promover uma representação visual das informações pertinentes à pergunta de interesse [1]. São instrumentos empregados para discernir o panorama atual de um determinado domínio do conhecimento. Esse método viabiliza a identificação das tendências metodológicas presentes nos trabalhos existentes, áreas com maior concentração de estudos e lacunas de conhecimento, com o intuito de orientar a tomada de decisão em investimentos destinados a políticas, práticas e futuras investigações [2,3]. 

 

Como elaborar um mapa de evidências 

Os mapas de evidências seguem os mesmos princípios das revisões sistemáticas e são fundamentados em acrônimos, como o acrônimo PICOS (População, Intervenção, Comparação, Outcome/Resultados e Study type/Desenho de Estudo) [1]. 

Para saber mais sobre acrônimos para estruturar perguntas de interesse, acesse: https://eme.cochrane.org/estrutura-da-pergunta-de-interesse-uso-de-acronimos/ [4]. 

 

De modo geral, o processo de elaboração um mapa de evidências segue os seguintes passos: 

  1. Formulação da pergunta de pesquisa;
  2. Estabelecimento de critérios de elegibilidade (inclusão e exclusão);
  3. Busca por artigos em bases de dados;
  4. Seleção dos estudos;
  5. Extração de dados;
  6. Construção do mapa.

O mapa é criado com a utilização de um software, como por exemplo, o EPPI-Mapper [5]. É estruturado em linhas, que expressam os domínios de intervenções, e colunas, representando os desfechos. A relação entre uma intervenção específica e um resultado é visualizada nas células onde esses parâmetros se encontram, utilizando “bolhas” que variam em tamanho e cor conforme a quantidade e qualidade das evidências disponíveis.  

O tamanho das bolhas reflete diretamente o número de estudos, enquanto a qualidade (nível de evidência) é codificada por meio de um padrão de cores predefinido: por exemplo, o cinza representando estudos primários e outras cores indicando revisões sistemáticas, com diferentes níveis de confiança (por exemplo, verde indicando alta confiança, laranja média confiança e vermelho baixa confiança). Os códigos podem indicar também revisões sistemáticas em andamento [3]. 

O mapa é interativo, permitindo que os usuários busquem evidências relacionadas a uma intervenção ou desfecho específicos, ou a correlação entre os dois. Ao clicar na(s) bolha(s) correspondente(s), os usuários poderão acessar informações detalhadas de cada estudo citado. Esses dados são compilados pelos autores do mapa, durante o processo de extração de dados e podem incluir diferentes informações sobre o artigo (DOI, autor, ano de publicação) e características da população, intervenção, comparação e desfechos. Assim, as lacunas de conhecimento são prontamente identificadas por meio de espaços vazios nas células que não possuem estudos para determinadas intervenções/resultados ou por células que apresentam uma baixa quantidade ou qualidade de estudos.  

 

Quais as principais diferenças e semelhanças entre mapas de evidências e revisões de escopo? 

Embora cada método apresente objetivos e características distintas, têm sido observadas confusões entre as definições de mapas de evidências e revisões de escopo. “A revisão de escopo é um estudo secundário que busca identificar e mapear sistematicamente a amplitude das evidências disponíveis sobre um determinado tópico, campo, conceito ou problema, dentro de contextos específicos ou não, independentemente da fonte[6]. 

Os mapas de evidências são definidos como “um estudo sistemático de todas as evidências relevantes de um tipo específico para um determinado setor, subsetor ou geografia“. Essa modalidade de síntese de evidências geralmente adota uma abordagem dedutiva, utilizando uma estrutura predefinida para classificar os dados e identificar lacunas na literatura. No entanto, caso não haja uma estrutura adequada disponível, a equipe de pesquisa pode desenvolver sua própria, utilizando uma variedade de recursos, como documentos de estratégia, políticas e relatórios de financiadores.  

A flexibilidade na elaboração da estrutura é uma das principais distinções entre os mapas de evidências e as revisões de escopo. Para estas últimas, tanto abordagens dedutivas quanto indutivas podem ser empregadas na identificação de elementos de dados relevantes, fazendo com que a estrutura de classificação e identificação de lacunas seja desnecessariamente pré-especificada. Além disso, os mapas de evidências podem ser utilizados como representação visual de dados em uma revisão de escopo, agregando valor à compreensão global das evidências disponíveis sobre um tema específico [2]. 

Para saber mais sobre revisões de escopo, acesse: https://eme.cochrane.org/revisao-de-escopo/ [7]. 

 

Conclusão 

Em síntese, os mapas de evidências representam uma abordagem visual, objetiva e transparente para organizar a produção científica sobre um determinado tema. Eles permitem a identificação de áreas nas quais o conhecimento é mais robusto e daquelas onde há escassez de evidências. Dessa forma, os mapas de evidências têm o potencial de indicar e orientar prioridades no planejamento estratégico por parte dos gestores, facilitando a alocação eficiente dos recursos em questões que possam gerar benefícios tangíveis para a sociedade como um todo. 

 

 

Autores: Carla Riama Lopes de Pádua Moura, Wagner Leal de Moura , Sergio Araújo Machado, Rafael Levi Louchard Silva da Cunha, Graziel De Luca Canto. Alunos do Programa de Pós-Graduação em Saúde Baseada em Evidências, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

 

Supervisora: Rachel Riera. Professora adjunta, Disciplina de Medicina Baseada em Evidências, Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

 

Citar como:  Moura CRLP, Moura WL, Machado SA, Cunha RLLS, De Luca Canto G. Evidence gap maps. Estudantes para melhores evidências. Cochrane. Disponível em: [adicionar link da página da web]. Acessado em [adicionar dia, mês e ano de acesso]. 

 

Referências 

  1. White H, Albers B, Gaarder M, et al. Guidance for producing a Campbell evidence and gap map. Campbell Systematic Reviews. 2020;16(4). doi:10.1002/cl2.1125
  2. Campbell F et al. Mapping reviews, scoping reviews, and evidence and gap maps (EGMs): the same but different— the “Big Picture” review family. Syst Rev. 2023 Apr 1;12(1):61. doi: 10.1186/s13643-023-02224-2. PMID: 37005692. 
  3. Snilstveit B, Bhatia R, Rankin K, LeachB. 3ie evidence gap maps: a starting point for strategic evidence production and use, 3ie Working paper 28. New Delhi: International Initiative for impact Evaluation (3ie).
  4. Siqueira GF, Brito IA, Okabe LY, Santos JPN, Latorraca COC. Acrônimos e perguntas de pesquisa. Estudantes para as melhores evidências (EME) Cochrane. Disponível em: https://eme.cochrane.org/estrutura-da-pergunta-de-interesse-uso-de-acronimos/. Acessado em 16 de setembro de 2024.
  5. EPPI-Centre. EPPI-Mapper [online]. 2021. https://eppi.ioe.ac.uk/cms/Default.aspx?tabid=3790 (acessed 20 April 2024).
  6. Munn Z et al. What are scoping reviews? Providing a formal definition of scoping reviews as a type of evidence synthesis. JBI Evid Synth 2020; 20(4): 950-952.
  7. Cruz C, Pereira GC, Mello IGR, Gresczeschen V, Guarnieri W. Revisão de escopo. Estudantes para as melhores evidências (EME) Cochrane. Disponível em   https://eme.cochrane.org/revisao-de-escopo/. Acessado em 16 de setembro de 2024.

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