Eficácia, efetividade e eficiência em saúde
Publicado por 10 de Abril de 2024 em Estudantes para Melhores Evidências
Eficácia, efetividade e eficiência são termos frequentemente utilizados para avaliar os efeitos de intervenções em saúde. Apesar de guardarem alguma semelhança entre si, seus conceitos e definições são distintos e podem ser complementares.
Para diferenciá-los, pode-se usar uma abordagem que utiliza três perguntas detalhadas a seguir.
Eficácia
A intervenção promove os efeitos desejados em um ambiente controlado? [1]
- Se sim, a intervenção é considerada eficaz.
- Exemplo: se um anti-hipertensivo é recebido por um idoso internado em UTI no cenário de um ensaio clínico e este medicamento consegue controlar os níveis pressóricos do idoso, considera-se que o medicamento é eficaz.
- Eficácia se refere à capacidade de uma intervenção em produzir o efeito desejado (redução dos sintomas de pacientes, a melhora na qualidade de vida ou, ainda, a redução no tempo de hospitalização, etc) em condições controladas, verificada através de ensaios clínicos randomizados, por exemplo.
Efetividade
A intervenção consegue promover os efeitos desejados em condições reais? [1,2]
Se sim, a intervenção é considerada efetiva.
- Exemplo: se ao receber alta e sair do ensaio clínico, o mesmo idoso continua a receber a prescrição do anti-hipertensivo e este medicamento consegue controlar seus níveis pressóricos, considera-se que o medicamento é efetivo.
- Efetividade se refere ao desempenho da intervenção em um ambiente não controlado, no dia a dia. Suponha, que um novo medicamento tenha sua eficácia em melhorar a mortalidade de pacientes com doença renal crônica comprovada por ensaios clínicos randomizados. Entretanto, este medicamento exige uma aplicação intravenosa, três vezes ao dia, realizada por profissionais treinados e em ambiente hospitalar. Nesse contexto, apesar da intervenção ser eficaz em um ambiente controlado, pode-se esperar que sua efetividade seja comprometida pela dificuldade de aplicação que reduz a adesão ao tratamento. Assim, apesar de eficaz, o medicamento não é efetivo.
Eficiência
A intervenção consegue promover os efeitos desejados em condições reais e é economicamente viável? [1,2]
- Se sim, a intervenção é considerada eficiente (ou custo-efetiva).
- Exemplo: se, dentro de um sistema de saúde, os idosos que recebem a prescrição do anti-hipertensivo têm seus níveis pressóricos controlados e o medicamento e há um balanço aceitável entre os benefícios clínicos e os custos do medicamento, considera-se que o medicamento é eficiente ou custo-efetivo.
- Eficiência (ou custo-efetividade) se refere a uma intervenção que tem efetividade e economicamente viável considerando os custos relacionados ao seu uso.
- Dois medicamentos com efetividade semelhante podem ter diferentes eficiências se um deles for mais caro, por exemplo.
Conclusão
Eficácia, efetividade e eficiência (custo-efetividade) são conceitos complementares e todos eles precisam ser considerados na tomada de decisão sobre a incorporação de uma tecnologia dentro dos sistemas de saúde.
Autores: Cauê Bastos de Almeida, Enzo Eiji Miyasato Hayano, Fernanda Eryka Morais Costa, Guilherme Giordano Consul, Julia Vitória Nóbrega de Melo e Vinícius Machado Alves.
Supervisora: Rachel Riera. Professora adjunta, Disciplina de Medicina Baseada em Evidências, Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Citar como: Almeida CB, Hayano EEM, Costa FEM, Consul GG, Melo JVNM, Alves VM. Eficácia, efetividade e eficiência em saúde. Estudantes para melhores evidências. Cochrane. Disponível em: [adicionar link da página da web]. Acessado em [adicionar dia, mês e ano de acesso].
Referências
1. Patel P. Efficacy, Effectiveness, and Efficiency. Natl J Community Med 2021;12(2):33-39
2. Haynes B. Can it work? Does it work? Is it worth it? The testing of healthcareinterventions is evolving. BMJ. 1999 Sep 11;319(7211):652-3. doi: 10.1136/bmj.319.7211.652. PMID: 10480802; PMCID: PMC1116525.