Avaliações econômicas em saúde

Publicado por 19 de Janeiro de 2023 em

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O que são? 

Avaliações econômicas em saúde podem ser definidas como técnicas analíticas utilizadas para comparar duas ou mais alternativas em saúde, estimando seus custos e consequências [1,2]. Sendo assim, podemos dizer que é por meio dessas análises que conseguimos estabelecer uma comparação direta entre os recursos aplicados para implementação de uma intervenção e as consequências obtidas em termos de saúde [2]. Para isso, considera-se que só é possível estabelecer valor econômico à uma intervenção em saúde se seus custos e consequências forem comparados com, pelo menos, mais uma opção terapêutica [1,3]. 

Devemos lembrar que, na perspectiva de sistemas de saúde, os recursos são sempre escassos. O investimento em tecnologias e programas menos eficientes reflete na perda de oportunidade de melhorar a saúde e bem-estar dos pacientes [3]. Assim, pode-se dizer que as avaliações econômicas baseiam-se no conceito de custo oportunidade, por meio do qual compreendemos que a alocação de recursos em determinados programas e tecnologias implica na não provisão desses recursos para outras opções terapêuticas [4]. 

De forma geral, as avaliações econômicas em saúde nos auxiliam a responder a seguinte pergunta: estamos confiantes de que essa é a melhor opção para alocação dos recursos?  

 

Diferentes pontos de vista: qual perspectiva considerar? 

Em saúde, há vários cenários possíveis para a análise, como realizá-la sob a perspectiva de gestão de um sistema de saúde, de um hospital que presta serviços em saúde ou do próprio paciente. Nesse sentido, a perspectiva na análise econômica assume o papel de estabelecer o “ponto de vista” que a avaliação econômica irá expressar, sendo um aspecto central para determinar como será a identificação dos custos e benefícios a serem considerados. Por exemplo, quando se fala de análise sob perspectiva do gestor do Sistema Único de Saúde (SUS), um órgão comprador de serviços, todos os custos diretos que são cobertos pelo sistema devem ser considerados – tecnologias, procedimentos, campanhas, entre outros. Já quando falamos da perspectiva do paciente, os custos estão relacionados, por exemplo, aos anos de vida perdidos, além de custos associados a perda de produtividade e morte prematura [2]. 

Tipos de avaliação econômica 

Há quatro tipos principais de avaliações econômicas em saúde [2]: 

  • Análise de custo-minimização: estudo utilizado quando os benefícios (resultados de desfechos) das intervenções comparadas são considerados equivalentes e, portanto, a comparação entre as intervenções depende dos custos, que são expressos em unidades monetárias. Nesta abordagem, intervenções comparadas devem ter desfechos em comum, e com resultados equivalentes. 
  • Análise de custo-benefício: estudo que compara, em termos monetários, custos e consequências de intervenções de diferentes naturezas. Existe uma crítica a essa abordagem pelo fato de haver uma precificação de condições de saúde. Assim, ela é pouco utilizada na área da saúde. 
  • Análise de custo-efetividade: estudo que compara o custo em unidades monetárias e as consequências como desfechos em saúde, por exemplo: tempo de sobrevida, redução da mortalidade e anos de vida ganhos. Nesta abordagem, intervenções comparadas devem ter desfechos em comum, ainda que os resultados desde desfechos sejam diferentes, 
  • Análise de custo-utilidade: estudo de custo-efetividade que utiliza como desfecho de efetividade, uma medida denominada QALY, que significa anos de vida ajustados para qualidade de vida (do inglês Quality-Adjusted Life Years). Nesta abordagem é possível comparar intervenções que tenham diferentes desfechos de interesse, uma vez que eles são substituídos pelo QALY.  

 

Autores: Andréa da Silva Dourado, mestranda em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

Supervisão: Daniela Oliveira de Melo, professora adjunta da graduação em Farmácia, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

Como citar: Dourado AS. Melo DO. Avaliações Econômicas em Saúde. Estudantes para Melhores Evidências (EME) Cochrane. Disponível em: [colar link]. Acessado em [dia, mês e ano]. 

 

Referências 

  1. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Avaliação de Tecnologias em Saúde. Dicionário de Avaliação de Tecnologias em Saúde [Internet]. Vol. 2 ed. 2021. 56 p. Available at: http://www.iats.com.br/dicionario.pdf
  2. Brasil. Ministério da Saúde. Diretrizes Metodológicas: Diretriz de Avaliação Econômica. 2a edição. 2014.
  3. Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). Guia para a avaliação econômica da Promoção da Saúde. 2007. 101 p.
  4. BMJ Best Practice. A glossary of health economics terms  [Internet]. BMJ Best Practice, Evidence based medicine (EBM) toolkit, EBM Tools. 2022 [citado 17 de novembro de 2022]. Available at: https://bestpractice.bmj.com/info/toolkit/ebm-toolbox/a-glossary-of-health-economics-terms/

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