Checklist TIDieR (relato de intervenções em saúde)

Publicado por 3 de Fevereiro de 2024 em

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Introdução 

Estudo que avaliam os efeitos de intervenções em saúde, sejam elas farmacológicas ou não, são a base do tratamento de doenças. Artigos que relatam estes estudos, além de apresentarem os resultados observados, precisam descrever com datalhes como a intervenção foi realizada.  

Informações sobre duração, dose ou intensidade, modo de administração da intervenção e mensuração dos resultados devem ser descritas para que os usuários da informação possam reproduzir o uso destas intervenções na pratica, no cuidado dos pacientes ou em pesquisas futuras.  

Entretanto, esta descrição ainda não ocorre de modo adequado em todos os artigos sobre intervenções. Uma análise de 262 ensaios clínicos sobre quimioterapia para diferentes tipos de câncer e constatou que apenas 11% deles forneceu a descrição completa do tratamento [1].   Outra análise observou que apenas 29% do estudos sobre intervenções não-farmacológicas e 67% dos estudos sobre intervenções farmacológicas apresentavam detalhes das intervenções avaliadas [2].  

 TIDieR 

Com o objetivo de melhora este cenário, um grupo de especialistas organizou um checklist chamado TIDieR (Template for Intervention Description and Replication) contendo itens fundamentais para descrever uma intervenção em um ensaio clínico [3].  

O TIDieR orienta a descrição da intervenção e também do comparador (placebo ou controle ativo) e utiliza como base os componentes do acrônimo PICO ( população, intervenção, comparador e desfechos). Para saber mais sobre o PICO e outros acrônimos, acesse:  https://eme.cochrane.org/estrutura-da-pergunta-de-interesse-uso-de-acronimos/) [4]. 

TIDieR checklist (tradução livre para o Português) [3] 

Conclusão 

As intervenções avaliadas nos estudos, e também seus comparadores, devem ser descritas com o máximo de detalhes possíveis para permitir sua reprodução e os mesmos resultados. O checklist TIDieR tem a finalidade de auxiliar os autores a descrevem detalhadamente o que eles realizaram nos seus estudos. Este checklist pode ser adotado por editores e revisores para avaliarem a qualidade do relato de um estudo sobre os efeitos de uma intervenção [11] e também auxiliar os leitores a avaliarem criticamente as descrições desse tipo de estudo.  

Este rigor melhora a qualidade do relato dos estudos sobre efeitos de intervenção, aumenta o impacto dos seus resultados na saúde da população e reduzi o desperdício de tempo e esforço para refazer pesquisas pelo fato de estarem relatadas de modo inadequado ou equivocado [12,13]. 

 

Autor: Matheus Aparecido de Toledo. Aluno de graduação, Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).   

 

Supervisora: Rachel Riera, professora adjunta, Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).  

 

Citar como: Toledo MA, Riera R. Checklist TIDieR. Estudantes para as melhores evidências (EME) Cochrane. Disponível em: [adicionar link da página da web]. Acessado em: [adicionar dia, mês e ano de acesso].     

 

Referências 

  1. Duff J, Leather H, Walden E, LaPlant K, George T. Adequacy of published oncology randomised controlled trials to provide therapeutic details needed for clinical application. J Natl Cancer Inst.2010;102:702-5 
  2. Glasziou P, Meats E, Heneghan C, Shepperd S. What is missing from descriptions of treatment in trials and reviews? BMJ.2008;336:1472-4. 
  3. Hoffmann T C, Glasziou P P, Boutron I, Milne R, Perera R, Moher D et al. Better reporting of interventions: template for intervention description and replication (TIDieR) checklist and guide. BMJ. 2014; 348: g1687. doi: 10.1136/bmj.g1687. 
  4. Siqueira GF, Brito IA, Okabe LY, Santos JPN, Latorraca COC. Acrônimos e perguntas de pesquisa. Estudantes para as melhores evidências (EME) Cochrane. Disponível em: https://eme.cochrane.org/estrutura-da-pergunta-de-interesse-uso-de-acronimos/. Acessado em 19 de novembro de 2023.  
  5. Craig P, Dieppe P, Macintyre S, Michie S, Nazareth I, Petticrew M. Developing and evaluating complex interventions: the new Medical Research Council guidance. BMJ.2008;337:a1655. 
  6. Hoffmann T, Erueti C, Glasziou P. Poor description of non-pharmacological interventions: analysisof consecutive sample of randomised rials. BMJ.2013;347:f3755. 
  7. Hardeman W, Michie S, Fanshawe T, Prevost T, McLoughlin K, Kinmonth AL. Fidelity of delivery of a physical activity intervention: predictors and consequences. Psychol Health. 2008;23:11-24. 
  8. Spillane V, Byrne M, Byrne M, Leathem C, O’Malley M, Cupples M. Monitoring treatment fidelity in a randomised controlled trial of a complex intervention. J Adv Nursing.2007;60:343-52. 
  9. Carroll C, Patterson M, Wood S, Booth A, Rick J, Balain S. A conceptual framework for implementation fidelity. Implement Sci.2007;2:40. 
  10. Bellg AJ, Borrelli B, Resnick B, Hecht J, Minicucci D, Ory M, et al. Enhancing treatment fidelity in health behaviour change studies: best practices and recommendations from the NIH Behaviour Change Consortium. Health Psychol. 2004;23:443-51. 
  11. Turner L, Shamseer L, Altman DG, Schulz KF, Moher D. Does use of the CONSORT Statement impact the completeness of reporting of randomised controlled trials published in medical journals? A Cochrane review. Syst Ver.2012;1:60. 
  12. Chalmers I, Glasziou P. Avoidable waste in the production and reporting of research evidence. Lancet.2009;374:86-9. 
  13. Glasziou P, Altman D, Bossuyt P, Boutron I, Clarke M, Julious S, et al. Reducing waste from incomplete or unusable reports of biomedical research. Lancet.2014;383:267-76. 

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