Revistas predatórias  

Publicado por 21 de Dezembro de 2022 em

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Contexto 

Na comunidade acadêmica, os artigos científicos constituem a principal fonte de informação utilizada. Para cumprirem este papel na construção do conhecimento, os artigos precisam ser confiáveis e o processo editorial tem contribuído para isso. 

Alguns artigos publicados por certas revistas podem não ser confiáveis o suficiente. 

 O que os seguintes artigos têm em comum? 

  • Cyllage City COVID-19 Outbreak Linked to Zubat Consumption, que aborda um surto de Covid-19 pelo consumo de Zubat (Zubat é um pokemon, uma criatura fictícia) [1] 
  • Newer Tools to Fight Inter-Galactic Parasites and their Transmissibility in Zygirion Simulation, sobre novas ferramentas para combater parasitas intergalácticos [2] 
  • Experiential Learning in Secondary Education Chemistry Courses: A Significant Life Experiences Framework, de “autoria” de Jesse B. Pinkman and Walter H. White. (protagonistas da série Breaking Bad), sobre como a fabricação de drogas pode ser um método de ensino para adolescentes [3]. 

 A princípio, estes artigos podem parecer bem divertidos, mas todos eles levam a um questionamento em comum: “Como é possível que tenham sido publicados em revistas científicas”? E a resposta para este questionamento é: “Tudo é possível quando se trata de uma revista predatória”.  

Na verdade, o terceiro artigo [3] foi escrito por Bradley Allf, escritor científico freelancer com doutorado pela North Carolina State University, e submetido propositadamente ao periódico US-China Education Review A após o escritor ter recebido um convite para submissão por e-mail [4,5]. 

 Revistas predatórias 

Revistas predatórias são organizações que priorizam o interesse próprio às custas de bolsas de estudo e são caracterizadas por informações falsas ou enganadoras, desvios das melhores práticas editoriais e de publicação, falta de transparência, e/ou uso agressivo e indiscriminado de práticas de solicitações [6]. 

Assim, revistas predatórias cobram os autores dos artigos para publicarem em suas revistas e, para agilizarem o processo, não seguem um processo editorial recomendado, e não adotam a revisão por pares. Isso compromete a integridade científica dessas revistas e leva a disseminação de desinformação como visto nos artigos anteriores [6,7,8]. 

 O risco das revistas predatórias 

Para leitores, o principal perigo é a desinformação que tais revistas podem carregar. Estas revistas podem atrair jovens pesquisadores, por meio de convites elogiosos para submissão, que desconhecem suas práticas duvidosas. Ao publicar nessas revistas, a credibilidade de pesquisadores é afetada, bem como a possibilidade de que ele divulgue seu estudo em outros periódicos é bloqueada, devido às cláusulas de exclusividade [6,7]. 

Algumas vezes, os artigos destas revistas podem ainda chegar ao público geral, que tem, potencialmente, menor capacidade de identificar seu conteúdo como fake news.  

 Como identificar uma revista predatória 

Revistas predatórias frequentemente usam uma abordagem em comum ao enviar, de modo excessivo e abusivo, e-mails para pesquisadores pedindo que submetam manuscritos. E acabam também mandando solicitações para pesquisadores fora da área de escopo da revista ou que não sejam especialista nos temas solicitados (dois grandes indicativos de ser uma revista predatória) [6,8]. 

Revistas legítimas podem também fazer esse tipo de pedido, mas de modo mais discreto e menos insistente. 

A seguintes estratégias podem ser utilizada para identificação de revistas predatórias: 

 Conclusão 

Seja como usuário da informação (ao receber um artigo para leitura) ou como pesquisador (ao procurar uma revista par submissão do seu estudo), é fundamental que você saiba que existem revistas predatórias e saiba como identificá-las. 

 Autor: Fabrício Akira Hsu. Aluno de graduação da Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

 Supervisora: Rachel Riera. Professora adjunta, Disciplina de Medicina Baseada em Evidências, Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

 Citar como: Hsu FA, Riera R. Revistas predatórias. Estudante para Melhores Evidências. Cochrane. Disponível em [adicionar link da página da web]. Acessado em [adicionar dia, mês e ano de acesso].    

Referências  

  1. Mattan Schlomi, Cyllage City COVID-19 Outbreak Linked to Zubat Consumption. 2020;8(2). AJBSR.MS.ID.001256. DOI:10.34297/AJBSR.2020.08.001256. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/343066384_Cyllage_City_COVID-19_Outbreak_Linked_to_Zubat_Consumption. Acessado em 23 de novembro de 2022. 
  2. Smith B, Khan FA, Beauregard C, Hendricks C, Khurana C. Newer Tools to Fight Inter-Galactic Parasites and their Transmissibility in Zygirion Simulation. ARC Journal of Pharmaceutical Sciences (AJPS).2018; 4(3):8-12. Disponível em: https://www.arcjournals.org/pdfs/ajps/v4-i3/2.pdf.  Acessado em 23 de novembro de 2022. 
  3. Allf BC, Pinkman JB,White WH. Experiential Learning in Secondary Education Chemistry Courses: A Significant Life Experiences Framework. US-China Education Review A.2020;10(4):158-64. DOI: 10.17265/2161-623X/2020.04.002 (artigo não mais disponível no website da editora). 
  4. Anonymous authors. What type of journal publishes a fake scientific paper? Disponível em: https://predatory-publishing.com/what-type-of-journal-publishes-a-fake-scientific-paper/. Acessado em 23 de novembro de 2022. 
  5. Allf B. Published a Fake Paper in a ‘Peer-Reviewed’ Journal. Disponível em:  https://www.realclearscience.com/articles/2020/11/28/i_published_a_fake_paper_in_a_peer-reviewed_journal_651221.html. Acessado em 23 de novembro de 2022. 
  6. Grudniewicz A, Moher D, Cobey KD, Bryson GL, Cukier S, Allen K, et al. Predatory journals: no definition, no defence. Nature. 2019 Dec;576(7786):210-212. doi: 10.1038/d41586-019-03759-y. PMID: 31827288. Disponível em: https://www.nature.com/articles/d41586-019-03759-y. Acessado em 23 de vovembro de 2022.  
  7. Cobey KD, Lalu MM, Skidmore B, Ahmadzai N, Grudniewicz A, Moher D. What is a predatory journal? A scoping review. F1000Res. 2018;7:1001. doi: 10.12688/f1000research.15256.2. PMID: 30135732; PMCID: PMC6092896. 
  8. Duc NM, Hiep DV, Thong PM, Zunic L, Zildzic M, Donev D, Jankovic SM, Hozo I, Masic I. Predatory Open Access Journals are Indexed in Reputable Databases: a Revisiting Issue or an Unsolved Problem. Med Arch. 2020;74(4):318-322. doi: 10.5455/medarh.2020.74.318-322. PMID: 33041454; PMCID: PMC7520066. 

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