STROBE: checklist para relatar estudos observacionais
Publicado por 3 de Outubro de 2022 em Estudantes para Melhores Evidências
Introdução
A ferramenta STROBE (STrengthening the Reporting of OBservational studies in Epidemiology, https://www.strobe-statement.org/), desenvolvida em 2004, é um checklist que se propõem a guiar o relato adequado de estudos observacionais longitudinais (caso-controle e coorte) ou transversais [1].
O checklist contém 22 itens, com recomendações específicas para estudos observacionais, sobre as seguintes seções do manuscrito: título, resumo, introdução, métodos, resultado e discussão (Quadro 1).
Quadro 1. Checklist STROBE [1]
Principais características do STROBE
- Apesar de orientar o relato de estudos observacionais, as recomendações do STROBE não são válidas para planejar e conduzir tais estudos, tampouco são capazes de avaliar a sua qualidade metodológica.
- Não tem por finalidade preconizar uma estruturação rígida e estática para o relato de estudos observacionais, sendo que a ordem e o formato de apresentação e detalhamento de cada um dos itens elencados está sujeita a variações dependentes da preferência pessoal dos autores, do estilo do periódico para o qual o artigo será submetido e de aspectos inerentes à área de pesquisa em questão.
- Constitui uma recomendação de relato em constante evolução, aprimoramento e passível de modificações, de acordo com o surgimento de novas necessidades ou evidências pertinentes [1].
Pontos fortes do STROBE
- Foi desenvolvido por meio de processo transparente, considerando a experiência adquirida a partir de outras iniciativas similares já consolidadas, como o CONSORT (ler mais em https://eme.cochrane.org/consort-checklist-para-relatar-um-ensaio-clinico/) [2].
- É produto de extensa revisão da literatura metodológica, analisada criticamente e de modo interativa por parte de um conjunto de especialistas envolvidos no processo editorial (epidemiologistas, bioestatísticos, pesquisadores e editores de periódicos).
- Pode conferir maior clareza ao relato de aspectos como a presença de vieses, conflito de interesse e a possibilidade de generalização dos achados dos estudos, contribuindo de forma importante para a ética em pesquisa, bem como para a ponderação sobre a necessidade de eventuais estudos futuros.
- Um número considerável de periódicos científicos tem recomendado o uso do STROBE como parte das instruções para autores [3].
- Pode ser utilizado não apenas por autores (como guia na redação do manuscrito), mas também por editores e revisores de periódicos, na medida em que fornece subsídios à apreciação do artigo para publicação, bem como aos leitores, facilitando a análise da evidência apresentada [1].
Limitações do STROBE
- Atualmente, a aplicação do STROBE é limitada a três desenhos de estudos observacionais (estudos de coorte, caso-controle e transversais), embora haja iniciativas para o desenvolvimento de extensões da ferramenta aplicáveis a outros desenhos de estudo, como aqueles de associação genética [4].
- A revisão de literatura conduzida para a elaboração dos itens não foi sistemática.
- A composição do grupo de profissionais que atuaram na sua criação foi influenciada pela rede de contatos de cada um dos autores, não sendo representativa de toda a população acadêmica quanto à geografia (predomínio de europeus e norte-americanos) e em relação a interesses de pesquisa e áreas do conhecimento.
Autores: Amanda Mayumi Yokoji Pereira, Daniel Maringelli Pasqui, Felipe Castro Amorim, Felipe Wong Lee, Leonardo Valois Rodovalho, Letícia Monico Alves Cyrino. Alunos de graduação da Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Supervisoras: Rachel Riera. Professora adjunta, Disciplina de Medicina Baseada em Evidências, Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Carolina de Oliveira Cruz Latorraca, Associação Paulista para o Desenvolvimento d Medicina (SPDM).
Citar como: Pereira AMY, Pasqui DM, Amorim FC, Lee FW, Rodovalho LV, Cyrino LMA, Latorraca COC, Riera R. STROBE – checklist para relatar estudos observacionais. Estudantes para Melhores Evidências. Cochrane. Disponível em: [adicionar link da página da web]. Acessado em [adicionar dia, mês e ano de acesso].
Referências
- von Elm E, Altman DG, Egger M, Pocock SJ, Gøtzsche PC, Vandenbroucke JP; STROBE Initiative. Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) statement: guidelines for reporting observational studies. BMJ. 2007 Oct 20;335(7624):806-8. doi: 10.1136/bmj.39335.541782.AD. PMID: 17947786; PMCID: PMC2034723.
- Deak AD, Alves CE, Costa CDF, Queiroz CN, Nader EM, Yoshinaga F, Latorraca COC, Riera R. CONSORT – checklist para relatar ensaios clínicos. Estudantes para Melhores Evidências. Cochrane. Disponível em: https://eme.cochrane.org/consort-checklist-para-relatar-um-ensaio-clinico/. Acessado em 15 de setembro de 2022.
- Cuschieri S. The STROBE guidelines. Saudi J Anaesth. 2019;13(Suppl 1):S31-S34. doi: 10.4103/sja.SJA_543_18.
- Ioannidis JP, Gwinn M, Little J, Higgins JP, Bernstein JL, Boffetta P, et al. A road map for efficient and reliable human genome epidemiology. Nature Genetics. 2006;38(1):3–5. doi: 10.1038/ng0106-3.