Prática clínica baseada em evidências

Publicado por 15 de Junho de 2022 em

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Praticar a medicina baseada em evidências no dia a dia envolve as seguintes etapas: 

  1. Estruturação da pergunta a partir de uma situação prática. 
  2. Identificação e busca do estudo mais apropriado para responder à pergunta;
  3. Avaliação crítica e sistematizada da qualidade e da confiança nas evidências disponíveis; 
  4. Avaliação da validade externa (aplicabilidade) e incorporação dos resultados a prática;
  5. Avaliação de desempenho. (adaptado de [1,2]).

Etapa 1. Estruturação da pergunta a partir de uma situação prática 

Inicialmente o profissional da saúde deve identificar as perguntas relevantes a partir da sua prática e transformá-las em perguntas estruturadas.  “Qual é o anti-hipertensivo mais adequado para este paciente idoso?”, “Devo solicitar um teste para confirmar a suspeita de doença celíaca nesta criança”? “Esta paciente se beneficiaria do rastreamento para câncer de pele”? – estas dúvidas podem ser estruturadas em perguntas de interesse por meio da utilização de acrônimos. Alguns destes acrônimos estão apresentados no Quadro 1. 

Quadro 1. Modelos de acrônimos para estruturação de perguntas de interesse [3]


Prática  

Para praticar, identifique o acrônimo adequado para cada uma das três dúvidas apresentadas e estruture a pergunta identificando os componentes de cada acrônimo. 


Etapa 2. Identificação e busca do tipo de estudo mais apropriado para responder à pergunta; 

O próximo passo é identificar o desenho de estudo mais adequado para responder à pergunta.  Considerando o contexto da assistência e a necessidade de respostas rápidas, estudos secundários (revisões sistemáticas) estudos terciários (guia de prática clínica ou guidelines) são uma boa opção. Estudos secundários otimizam o tempo, são úteis quando estudos primários apresentam resultados divergentes e, ao avaliarem a qualidade dos estudos primários, nos mostram o quanto os resultados desses estudos são confiáveis.  

As buscas por estudos podem ser feitas em bases de dados ou repositórios especializados em revisões sistemáticas e outras sínteses de evidências (como Cochrane Library e Epistemonikos, por exemplo) ou bases gerais (como EMBASE, LILACS ou MEDLINE). 


Prática  

Para praticar, utilize os termos MeSH (veja dicas em https://eme.cochrane.org/busca-na-literatura-como-utilizar-as-bases-de-dados-para-identificar-estudos-de-interesse/) [5] e busque estudos na base de dados MEDLINE via PubMed (https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/). 


Etapa 3. Avaliação crítica e sistematizada da qualidade e da confiança nas evidências disponíveis 

Após a identificação do estudo é necessário saber se ele apresenta resultados confiáveis e para isso é recomendado usar ferramentas de avaliação crítica específicas para cada desenho de estudo. Você pode utilizar as ferramentas disponíveis no blog EME Cochrane: 

Etapa 4. Avaliação da validade externa (aplicabilidade) e incorporação dos resultados a prática 

Agora é fundamental avaliar se é possível aplicar na prática clínica aquilo que os estudos apontaram, considerando alguns aspectos como semelhança da população do estudo com os seus pacientes, disponibilidade e acessibilidade da intervenção, aspectos socioculturais e econômicos (por exemplo custo-efetividade e disponibilidade para pagar). 


Prática  

Para praticar, avalie um ensaio clínico ou revisão sistemática que você identificou no MEDLINE utilizando uma das ferramentas de avaliação crítica sugeridas. 


Etapa 5. Avaliação de desempenho 

Depois de passar por todas essas etapas anteriores e aplicar a medicina baseada em evidência na prática clínica, devemos dar continuidade aos estudos e constantemente reavaliar se a intervenção proposta está trazendo os efeitos desejados ao paciente. 

 

Autores: Belle Akemi Tamura, Carolina Yukimi Takahashi, Celina Huey Oshiro, Giovanna Magno Socci Bezerra. Alunas do curso de graduação da Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

Supervisora: Rachel Riera. Professora adjunta, Disciplina de Medicina Baseada em Evidências, Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).  

Citar como: Tamura BA, Takahashi CY, Oshiro CH, Bezerra GMS. Riera R. Prática clínica baseada em evidências. Estudantes para Melhores Evidências. Cochrane. Disponível em: [adicionar link da página da web]. Acessado em [adicionar dia, mês e ano de acesso]. 

Referências 

  1. Sackett DL, Rosenberg WM, Gray JA, Haynes RB, Richardson WS. Evidence based medicine: what it is and what it isn’t. BMJ. 1996;312(7023):71–2. https://doi.org/10.1136/ bmj.312.7023.71 2.
  2. Guyatt GH. Evidence based medicine. ACP J Club. 1991;114:A–16.
  3. Richardson WS, Wilson MC, Nishikawa J, Hayward RS. The well-built clinical question: a key to evidence-based decisions. ACP J Club. 1995;123(3):A12–3.
  4. Riera R, Martimbianco ALC, Pacheco RL. Medicina baseada em evidências na prática clínica. In: Sociedade Brasileira de Clínica Médica; Lopes AC, José FF, Vendrame LS, organizadores. PROTERAPÊUTICA Programa de Atualização em Terapêutica: Ciclo 10. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2022. p. 35–67. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 2).
  5. Zotelli GTB. Busca na literatura: Como utilizar as bases de dados para identificar estudos de interesse. Estudante para Melhores Evidências. Cochrane. Disponível em: https://eme.cochrane.org/busca-na-literatura-como-utilizar-as-bases-de-dados-para-identificar-estudos-de-interesse/. Acessado em 10 de junho de 2022.
  6. Pacheco RL, Latorraca COC, Riera R. Journal Club Tool – ensaios clínicos. Ferramenta prática de avaliação sistematizada de ensaios clínicos para atividades de Journal Club. Estudantes para Melhores Evidências. Cochrane. Disponível em: https://eme.cochrane.org/journal-club-tool-ensaios-clinicos/. Acessado em 10 de junho de 2022.
  7. Pacheco RL, Latorraca COC, Martimbianco ALC, Riera R. Journal Club Tool – revisões sistemáticas. Ferramenta prática de avaliação sistematizada de revisões sistemáticas para atividades de Journal Club. Estudantes para Melhores Evidências. Cochrane. Disponível em: https://eme.cochrane.org/journal-club-tool-revisoes-sistematicas-ferramenta-pratica-de-avaliacao-sistematizada-de-revisoes-sistematicas-para-atividades-de-journal-club/. Acessado em 10 de junho de 2022. 

 

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